Trabalho Há poucos técnicos especializados na área e a tendência é de que a demanda continue aquecida
Jacilio Saraiva
Valor
Com o aumento da oferta de soluções e serviços baseados em cloud computing cresce também a demanda por profissionais especializados no setor. Nas empresas de TI, há investimentos em treinamentos internos e na criação de unidades especiais para atender clientes. As admissões no setor também foram aceleradas para evitar a perda de contratos. Segundo especialistas, habilidades com redes de computadores, banco de dados e programação são requisitos importantes para disputar colocações no mercado.
Segundo Celso Poderoso, coordenador de graduação da FIAP, há dois anos era difícil encontrar empresas preocupadas em contratar especialistas em Cloud computing, “ Hoje, como a palavra de é racionalizar recursos, há uma maior necessidade de técnicos em organizações que acompanham de perto o custo da área de TI”, ANALISA. “Há muita demanda e poucos profissionais especializados”, diz.
A saída para as corporações de acordo com o coordenador, é investir em treinamento. “As empresas devem fazer com que os profissionais se adaptem à nova tecnologia. O profissional de cloud computing deve ser capaz de dominar aspectos de computação distribuída, banco de dados, redes de computadores, virtualização de servidores e programação orientada a serviços”,afirma. “ Ao mesmo tempo, precisa entender as necessidades do cliente e mostrar características gerenciais.”
Para o coordenador, assim como não é viável manter uma grande equipe de desenvolvimento para criar sistemas de gestão, o mesmo irá acontecer com as áreas de infra-estrutura de TI. “Será natural, em um futuro próximo, entregar operações de servidores e redes para empresas que oferecem serviços de cloud computing”, destaca.
Na multinacional Red Hat, especializada em software corporativo, 60% dos funcionários no Brasil são especializados em Cloud computing e há planos para aumentar a quantidade de técnicos especializados. “ Temos um programa de certificações que recentemente formou dez companhias parceiras no País”, afirma Rodrigo Missiaggia, líder de plataformas técnicas da Red hat no Brasil.
Segundo ele, o tempo de treinamento dos técnicos em cloud computing depende da experiência e capacitação anterior. “Todo funcionário passa por um treinamento antes de prestar serviços aos clientes. É esperada uma bateria de 80 a 320 horas/aula”.
No mês passado, a IBM Brasil criou uma nova diretoria de negócios em Cloud computing para desenvolver novas ofertas no mercado. Segundo Roberto Diniz, executivo de otimização de TI da IBM no Brasil, é difícil encontrar profissionais capacitados porque a área é considerada nova no mercado. “Especialistas em segurança, virtualização de sistemas e metodologias de gestão de processos como Cobit e ITIL são os mais procurados”, afirma Diniz.
De acordo com Rafael Sampaio, CEO da Future Security, da área de gestão de segurança, o quadro de colaboradores especializados em cloud computing na empresa deve aumentar 50% até dezembro. “Procuramos profissionais com certificações atualizadas na área de segurança e oferecemos treinamento para a equipe conforme a demanda de projetos”, diz . A Future Security atende organizações como Santander, Oi, Ambev , e investe 15% do orçamento anual em capacitação. Em 2009, treinou 12% do corpo técnico no exterior.
Para Júlio Pontes, diretor da True Acess Consulting , especializada em soluções e consultoria de segurança da informação, o bom profissional de computação em nuvem não é muito diferente de um técnico de TI e segurança de dados. Ele deve entender como a tecnologia afeta os negócios nas empresas, gostar de desafios e estar atualizado com as novidades do mercado”, diz.
Formado em engenharia elétrica com especialização em gestão de TI, Pontes tomou-se especialista em cloud computing há cerca de dois anos, Para conhecer melhor a área, se inscreveu como voluntário em sites de pesquisa sobre o assunto e obteve certificação de especialista na área pela Cloud Security Alliance (CSA), associação internacional que reúne empresas e profissionais do setor.
Hoje, ele trabalha no desenho de soluções de segurança para a criação de nuvens privadas, sistemas antifraude e processos de migração para cloud computing.
"Recentemente desenvolvemos um programa de autenticação para um cliente do segmento de telecomunicações, que utiliza a computação em nuvem para prover serviços a uma rede de revendedores.”
Na BMC Software, do segmento de Business Service Management (BSM), até três meses de aulas são investidos na capacitação dos funcionários. Há treinamentos trimestrais em Houston, na sede da empresa, e sessões de web training. Oferece gerenciamento de cloud computing há um ano e meio no Brasil.
“Há dois anos, iniciamos um processo de implantação da nuvem na própria companhia, o que gerou uma economia de US$5 Milhões anuais”, diz Álvaro Marinovich, arquiteto de cloud computing para a América Latina da BMC , dona de uma receita de quase US$2 bilhões em 2010.
